Por que Bergoglio anuncia agora a reforma/demolição do papado. Arcebispo Tomasz Peta no Sínodo: “Aqui entrou a ‘fumaça de Satanás’ profetizada por Paulo VI”.
Por Antonio Socci, 18 de outubro de 2015 | Tradução: FratresInUnum.com – Ontem
(sábado, 17), Papa Bergoglio prospectou – nada mais, nada menos – que
uma reforma do papado: “não é oportuno que o Papa substitua os
Episcopados locais no discernimento de todas as problemáticas que se
apresentam em seus territórios. Neste sentido, advirto a necessidade de
proceder uma salutar ‘descentralização’”.
Ainda que esteja citando uma frase de
João Paulo II, Bergoglio pretende, na verdade, fazer uma operação que
repisa aquela velha ideia anti-romana dos católicos-progressistas, que é
o oposto daquilo que queria o Papa Wojtyla.
Não por acaso, de fato – depois de a ter projetado na “Evangelii Gaudium” –, o papa argentino lança novamente esta ideia hoje, no ponto máximo do incandescente Sínodo da Família. O motivo é claro.
SÍNODO LUDIBRIADO
Há alguns meses – vendo que a “Revolução
Kasper” não fora aprovada pelo Sínodo de 2014 –, o presidente da
Conferência Episcopal alemã, Reinhard Marx, afirmara levianamente que o
episcopado alemão não era “uma filial de Roma”. Reivindicando, portanto,
a pretensão de poder fazer a própria estrada (pareceu quase uma ameaça
de um cisma “alla esquerda”).
A ideia formulada ontem é útil para que
Bergoglio possa driblar o Sínodo (onde a maioria continua católica),
como já fez com o Motu Proprio que introduz o divórcio na Igreja.
Na prática, se delegariam aos episcopados
– como o alemão – as questões controvertidas (divorciados recasados,
uniões de fato e homossexualidade). Mas tal escolha, ao invés de
resolver a questão, a tornaria ainda mais explosiva e grave. Porque demoliria a própria Igreja.
FIM DO CATOLICISMO
De fato, no último mês de março, o Card. Müller,
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, tinha respondido a Marx
que delegar decisões doutrinais ou disciplinares em matéria de família
ou matrimônio às conferências episcopais nacionais “é uma ideia absolutamente anticatólica, que não respeita a catolicidade da Igreja”.
A verdade não muda com o clima. Se a verdade não é a mesma em qualquer lugar não é mais a verdade. Seria o triunfo da “ditadura do relativismo”, também na Igreja, e, portanto, o seu fim.
O Card. Burke repetiu a mesma ideia: “é
explicitamente contrário à fé e à vida católica. A Igreja segue o
ensinamento de Nosso Senhor Jesus Cristo (e) é una em todo o mundo. Não
há nenhuma mudança nesta verdade, de um lugar a outro, ou de um tempo a
outro. O ensino desta verdade certamente leva em conta as
particularidades de cada área. Mas isto não muda o ensino que, ao
contrário, deve ser ainda mais forte nos lugares em que está mais
prejudicado”.
Passa-se a ideia de que, por causa das
“diferenças regionais” – analisadas também no Sínodo – “a Igreja não é
mais católica [universal]. Isto significa – acrescenta Burke – que não é
mais ‘una’ no seu ensino em todo o mundo. Temos ‘uma’ só fé. Temos ‘um’
conjunto de sacramentos. Temos ‘um’ governo em todo o mundo. Isto
significa ‘católica’”.
Uma reforma do papado que transformasse a
Igreja em uma federação de igrejas locais que decidem – cada uma por si
mesma – em relação aos divorciados recasados e homossexualidade,
portanto, a mandamentos e sacramentos – lesaria “a divina constituição”
da Igreja (isto é, a Igreja como foi fundada por Cristo) e uma tal reforma não depende do poder de nenhum papa. Porque o papa não é superior a Jesus Cristo.
Como se vê, quanto mais se entra
profundamente no Sínodo, mais se descobre que, no fundo, o verdadeiro
combate se dá sobre os fundamentos da fé católica e sobre a própria
sobrevivência da Igreja, tal como foi instituída por Cristo há dois mil
anos.
IGREJA E ANTI-IGREJA
Poucos entendem a importância do embate
que está acontecendo porque o Sínodo foi querido (por Bergoglio) de
portas fechadas, amordaçado e filtrado pelo establishment bergogliano. E
a grande parte da mídia canta sempre em coro e solfejando apenas como
querem os maestros do canto. Porém, escavando-se, descobre-se que já
temos um cisma de fato, não declarado, mas evidente.
Muitos padres sinodais, conscientes da
enormidade do que se está colocando em jogo, manifestam sua forte
preocupação. Fizeram-no – em nome de tantos outros – os treze cardeais
da famosaCarta, com lealdade e respeito, mas na sala do sínodo obtiveram de Bergoglio uma resposta duríssima (um “não” sobre tudo) e, depois, foram postos no index
como “exconjurados”, graças a alguém que – fazendo que a Carta vazasse à
imprensa – o fez de tal modo que os signatários fossem desacreditados, e
também os que não foram signatários (constrangidos a se dissociarem).
E também para desacreditar Sandro
Magister – jornalista incômodo ao atual establishment –, liquidado como
alguém que alimenta complôs, quando apenas se limitou a realizar o seu
trabalho (se há uma conspiração, não é contra Bergoglio, mas – como bem
disse o Card. Dolan – contra a família, que, no Sínodo, ao invés de ser
defendida, corre o risco de ser definitivamente liquidada).
Este é o clima. A associação americana “Voice of the Family” assegura que, no Sínodo, há um confronto entre a Igreja e a anti-Igreja,
mas o arcebispo bergogliano Cupich – a quem esta afirmação foi
submetida – encolheu os ombros: “Discordo. Escutar-nos mutuamente é um
grande benefício”.
Infelizmente, não é verdade, porque Bergoglio não escuta as razões alheias e age como um tanque de guerra rumo ao seu objetivo.
Não escuta a voz dos católicos, que, ao
contrário, é desprezada e esnobada, chegando ao ponto de ser
deslegitimada, como se viu efetivamente na Carta dos cardeais.
Aconteceu o mesmo com todo o episcopado
polonês, que defendeu a doutrina católica, porque, no país de João Paulo
II, assiste-se com tristeza o repentino capotamento do seu magistério,
levado a cabo em Roma.
A revista “Polônia cristã”,
representativa do mundo católico polonês, realizou um vídeo “Krisis.
Onde nos levará o Sínodo”, no qual falam bispos e cardeais, e se escutam
afirmações dramáticas, segundo as quais, na Igreja, a heresia chegou no
topo.
“FUMAÇA DE SATANÁS”
Tomasz Peta, arcebispo de Astana, no
Cazaquistão, assemelhou-se aos antigos confessores da fé: a sua Igreja é
composta por muitos ex-deportados dos campos de concentração comunistas
(padres e fieis).
Fez uma formidável e dramática intervenção no Sínodo:
“O Beato Paulo VI disse em
1972: ‘a fumaça de satanás entrou por qualquer brecha no tempo de Deus’.
Estou convencido de que estas palavras do santo pontífice, autor daHumanæ vitæ, foram proféticas. Durante o Sínodo do ano passado, ‘a fumaça de Satanás’ tentou entrar na Aula Paulo VI”.
Neste ponto, o arcebispo elenca as três
questões que estão abalando a Igreja e nas quais se sente a “fumaça”. O
prelado Cazaquistão as apresenta assim:
“1) A proposta de admitir à
Sagrada Comunhão quem é divorciado e vive em uma nova união civil; 2) A
afirmação de que o amasiamento é uma união que pode ter em si mesma
algum valor; 3) A defesa da homossexualidade como qualquer coisa
presumivelmente normal”.
Recorda mesmo que justo nestes três pontos foram rejeitados no Sínodo de 2014, mas foram reinseridos por império do próprio Bergolio no “Instrumentum laboris” deste Sínodo.
De fato, o arcebispo Peta acrescenta que, também neste Sínodo, começou-se de novo “a levar avante ideias que contradizem a Tradição bimilenar da Igreja, radicada no Verbo eterno de Deus” e “infelizmente,
pode-se ainda perceber o cheiro daquela ‘fumaça infernal’ em alguns
trechos do Instrumentum labores e também nas intervenções de alguns
padres no Sínodo deste ano”.
O arcebispo cazaquistão concluiu: “Não é permitido destruir o fundamento e a rocha”.
Uma intervenção excessivamente alarmista? Não, realista.
Basta considerar aquilo que
aconteceu nos dias passados, quando o establishment berbogliano do
Sínodo chegou a tornar conhecido e tornar “comovente” e exemplar o fato
desagradabilíssimo que – objetivamente – foi uma profanação da
Eucaristia.
A gravidade do fato prova que há um alerta vermelho para a Igreja.
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