13 outubro, 2015

Cardeal De Paolis.
Por Daniel Sebastianelli – Corrispondenza Romana | Tradução: FratresInUnum.com
– Diante da crise do matrimônio e da família, a resposta só pode vir
das certezas da fé. Isto foi o que afirmou, no dia 10 de outubro, o
Cardeal Velasio De Paolis, presidente emérito da Prefeitura dos Assuntos
Econômicos da Santa Sé, durante os trabalhos da Conferência Matrimônio e
Família. Com temas entre dogma e prática da Igreja, essa convenção foi
organizada pela Fundação Lepanto e pela Associação Família de Amanhã e
realizada em Roma, no Salão de São Pio X, na Via dell’Ospedale, com a
participação de Mons. Antonio Livi, Prof. Roberto de Mattei e Prof.
Giovanni Turco, além da participação de várias centenas de pessoas,
incluindo muitos sacerdotes e religiosos.
“Precisamos de verdade”, lembrou com
força o cardeal, que também foi secretário do Supremo Tribunal da
Assinatura Apostólica e delegado pontifício para a Congregação dos
Legionários de Cristo. “Hoje falamos muito sobre compaixão, amor e
misericórdia. Mas sem a verdade, estamos no caminho errado”. A
impressão, de acordo com o cardeal Velasio De Paolis, é que “hoje as
palavras não significam mais nada”, enquanto “nós precisamos de conteúdo
para encontrar a verdadeira realidade”. Referindo-se ao problema dos
divorciados recasados, o cardeal é muito claro. Adotar “uma prática
pastoral que vai contra a doutrina é uma terrível falta de lógica. Não é
cristão”. No fundo, “se eu tenho um remédio que não funciona, isso
significa que eu não entendi bem qual é a doença. Se me limito a trocar o
remédio ao invés de procurar entender a causa da doença, poderei acabar
matando o paciente”. A solução, para o prelado, só pode ser outra: “os
pecadores não devem ser rejeitados, mas é preciso encontrar o caminho
certo. O caminho do amor na verdade. A misericórdia não pode ser
confundida com amor”, acrescentou o cardeal, “e o amor é inseparável da
verdade.”

prof. Roberto de Mattei
O prof. Roberto de Mattei, presidente da Fundação Lepanto, abriu a
conferência afirmando que o matrimônio e a família estão sendo
“questionados dentro da própria Igreja”, algo que “nunca aconteceu na
história”. Depois de recordar algumas passagens históricas na vida da
Igreja, De Mattei lembrou o exemplo de São Pedro Damião e de todos os
grandes reformadores da sua época que “não invocaram a lei da
gradualidade ou do mal menor, não definiram o concubinato dos padres
como uma situação irreversível das quais tomar nota, e nem exortaram a
acolher os elementos positivos das uniões homossexuais e das coabitações
extra-matrimoniais.”

Prof. Giovanni Turco
Da sua parte, o professor Giovanni Turco, docente da Universidade de
Udine, explicou como hoje o plano sociológico está substituindo o plano
teológico e chamou a atenção para o princípio da não contradição,
segundo a qual “tudo é o que é. Mesmo matrimónio e a família”. Assim,
“ou o casamento é indissolúvel ou não é. Seja lá qual for a pastoral, ou
se está em pecado ou não, a verdade não admite gradualidade”. Para o
professor, “a falsa e errônea definição de um problema levará
consequentemente a uma falsa solução para o problema”, porque “o bem é o
critério da prática, não o contrário”.

Mons. Antonio Livi
Monsenhor Antonio Livi, Decano emérito da Faculdade de Filosofia da
Pontifícia Universidade Lateranense, reiterou que não pode haver
separação entre doutrina e prática e que, na Igreja, “a pastoral tem o
propósito específico de trabalhar para o bem das almas”. Como o cardeal
De Paolis, também Mons. Livi criticou abertamente a tese do Cardeal
Kasper, dizendo que ele está convencido de que o cardeal alemão não pode
ignorar a deformidade de seus pontos de vista em relação àqueles do
Magistério e da evidência racional. Mas quando se erra, afirmou o
monsenhor, “você pode perseguir um objetivo oculto, que é aquele de
convencer os outros a acreditar em algo falso. E isso é hipocrisia”.
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