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quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Misericórdia sem arrependimento?

13 outubro, 2015

Cardeal De Paolis: “Hoje falamos muito sobre compaixão, amor e misericórdia. Mas sem a verdade, estamos no caminho errado”.

Cardeal De Paolis.
Cardeal De Paolis.
Por Daniel Sebastianelli – Corrispondenza Romana | Tradução: FratresInUnum.com –  Diante da crise do matrimônio e da família, a resposta só pode vir das certezas da fé. Isto foi o que afirmou, no dia 10 de outubro, o Cardeal Velasio De Paolis, presidente emérito da Prefeitura dos Assuntos Econômicos da Santa Sé, durante os trabalhos da Conferência Matrimônio e Família. Com temas entre dogma e prática da Igreja, essa convenção foi organizada pela Fundação Lepanto e pela Associação Família de Amanhã e realizada em Roma, no Salão de São Pio X, na Via dell’Ospedale, com a participação de Mons. Antonio Livi, Prof. Roberto de Mattei e Prof. Giovanni Turco, além da participação de várias centenas de pessoas, incluindo muitos sacerdotes e religiosos.
“Precisamos de verdade”, lembrou com força o cardeal, que também foi secretário do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e delegado pontifício para a Congregação dos Legionários de Cristo. “Hoje falamos muito sobre compaixão, amor e misericórdia. Mas sem a verdade, estamos no caminho errado”. A impressão, de acordo com o cardeal Velasio De Paolis, é que “hoje as palavras não significam mais nada”, enquanto “nós precisamos de conteúdo para encontrar a verdadeira realidade”. Referindo-se ao problema dos divorciados recasados, o cardeal é muito claro. Adotar “uma prática pastoral que vai contra a doutrina é uma terrível falta de lógica. Não é cristão”. No fundo, “se eu tenho um remédio que não funciona, isso significa que eu não entendi bem qual é a doença. Se me limito a trocar o remédio ao invés de procurar entender a causa da doença, poderei acabar matando o paciente”. A solução, para o prelado, só pode ser outra: “os pecadores não devem ser rejeitados, mas é preciso encontrar o caminho certo. O caminho do amor na verdade. A misericórdia não pode ser confundida com amor”, acrescentou o cardeal, “e o amor é inseparável da verdade.”
prof. Roberto de Mattei
O prof. Roberto de Mattei, presidente da Fundação Lepanto, abriu a conferência afirmando que o matrimônio e a família estão sendo “questionados dentro da própria Igreja”, algo que “nunca aconteceu na história”. Depois de recordar algumas passagens históricas na vida da Igreja, De Mattei lembrou o exemplo de São Pedro Damião e de todos os grandes reformadores da sua época que “não invocaram a lei da gradualidade ou do mal menor, não definiram o concubinato dos padres como uma situação irreversível das quais tomar nota, e nem exortaram a acolher os elementos positivos das uniões homossexuais e das coabitações extra-matrimoniais.”
Prof. Giovanni Turco
Da sua parte, o professor Giovanni Turco, docente da Universidade de Udine, explicou como hoje o plano sociológico está substituindo o plano teológico e chamou a atenção para o princípio da não contradição, segundo a qual “tudo é o que é. Mesmo matrimónio e a família”. Assim, “ou o casamento é indissolúvel ou não é. Seja lá qual for a pastoral, ou se está em pecado ou não, a verdade não admite gradualidade”. Para o professor, “a falsa e errônea definição de um problema levará consequentemente a uma falsa solução para o problema”, porque “o bem é o critério da prática, não o contrário”.
Mons. Antonio Livi
Monsenhor Antonio Livi, Decano emérito da Faculdade de Filosofia da Pontifícia Universidade Lateranense, reiterou que não pode haver separação entre doutrina e prática e que, na Igreja, “a pastoral tem o propósito específico de trabalhar para o bem das almas”. Como o cardeal De Paolis, também Mons. Livi criticou abertamente a tese do Cardeal Kasper, dizendo que ele está convencido de que o cardeal alemão não pode ignorar a deformidade de seus pontos de vista em relação àqueles do Magistério e da evidência racional. Mas quando se erra, afirmou o monsenhor, “você pode perseguir um objetivo oculto, que é aquele de convencer os outros a acreditar em algo falso. E isso é hipocrisia”.

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