Powered By Blogger

quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Papa e Sínodo

13 outubro, 2015

Terá a intervenção do Papa Francisco reconduzido o Sínodo à sua trajetória heterodoxa?

Por Voice of the Family, 7 de outubro de 2015 | Tradução: FratresInUnum.com – O Sínodo Ordinário sobre a família esteve ontem (6 de outubro) muito mais perto de um repúdio dos ensinamentos da Igreja Católica sobre a sexualidade humana. As esperanças dos fiéis católicos aumentaram na segunda-feira (5), com a reafirmação da ortodoxia Católica feita na relazione introduttiva do Relator Geral do Sínodo, Cardeal Péter Erdö, Arcebispo de Esztergom-Budapeste. Ontem, o relatório e a posição de Erdö foram seriamente minados depois que uma intervenção do Papa Francisco indicou aos padres sinodais que a questão da comunhão para os “divorciados e recasados” ainda estava em aberto. O Cardeal Erdö também foi minado por observações feitas por padres sinodais convidados a uma coletiva de imprensa organizada pelo porta-voz da Santa Sé, o padre Lombardi.
A relazione introduttiva do Cardeal Erdö
Em seu relatório inicial, apresentado na segunda pela manhã, o Cardeal Erdö defendeu a doutrina católica, perpassando todo o espectro de ensinamentos relacionados à sexualidade humana. O Relator Geral decididamente rejeitou a proposta do Cardeal Kasper sobre a admissão à Sagrada Comunhão daqueles que vivem em adultério público e claramente reafirmou o ensinamento Católico sobre questões como o homossexualismo, a indissolubilidade do casamento e a contracepção. Ele também repudiou o falso entendimento de misericórdia, o qual tem sido cada vez mais prevalente no período anterior ao Sínodo.
“Misericórdia”, disse o Cardeal, “exige conversão”. A análise mais completa do relatório de Erdö pode ser encontrada aqui.
Cardeal Erdö e Arcebispo Forte adotam abordagens divergentes na coletiva de imprensa
A defesa do Cardeal Erdö do ensinamento Católico continuou na coletiva de imprensa ocorrida na Sala de Imprensa da Santa Sé na segunda-feira de manhã. Também presentes na conferência estavam o Arcebispo Bruno Forte, Secretário Especial do Sínodo e o Cardeal Vingt-Trois, Arcebispo de Paris.
Jornalistas pediram que o Cardeal Erdö comentasse o seu relatório no que toca a recepção da Santa Comunhão por “divorciados e recasados”. Como resposta, ele defendeu a sua decisão de manter a doutrina Católica e enfatizou que, longe de ser ilimitado, o desenvolvimento doutrinal só pode se dar em consonância com a tradição. Ele também rejeitou a sugestão de que haveria uma alternativa Ortodoxa Oriental para a doutrina e disciplina Católica, chamando atenção para as divisões que existem dentro da Igreja Ortodoxa. Mais aguda foi, talvez, a sua observação de que a leitura do Evangelho no dia da abertura do Sínodo foi, coincidentemente, a doutrina de Nosso Senhor sobre a indissolubilidade do casamento, tal como é registrado no Evangelho de São Lucas.
O Arcebispo Forte, conhecido por ter elaborado passagens heterodoxas sobre homossexualidade na relatio post disceptationem do ano passado, respondeu ao Cardeal Erdö na primeira oportunidade. Ignorou uma questão a ele colocada por um jornalista, a respeito de famílias numerosas, e voltou à discussão sobre a Santa Comunhão para “divorciados e recasados”.
Forte enfatizou que o Sínodo era um “sínodo pastoral”, voltado para o “cuidado pastoral”. Que havia uma necessidade de encontrar “novas formas de abordar os desafios pastorais”, porque “os tempos mudam, as situações mudam”. Ele disse que “desafios pastorais estão aí e devemos encará-los”. (A tradução das observações do Arcebispo Forte é tirada de uma tradução simultânea fornecida pela Sala de Imprensa da Santa Sé).
As colocações de Forte encaixam-se na narrativa buscada por prelados dissidentes no Sínodo. O seu modus operandi é insistir que a doutrina da Igreja permanecerá intocada, mas a prática pastoral irá mudar. Na realidade, as assim chamadas mudanças pastorais que eles propõem, tais como a readmissão de adúlteros não-arrependidos à Santa Comunhão, de fato, contradizem a doutrina Católica.
A intervenção do Papa Francisco
O Papa Francisco realizou uma intervenção não programada no Sínodo ontem (6) pela manhã. Ele instruiu os padres sinodais que eles deveriam considerar o Sínodo Ordinário como estando em perfeita continuidade com o Sínodo Extraordinário. Disse a eles que deveriam considerar somente três documentos sinodais como documentos formais do Sínodo, sendo eles: o seu próprio discurso de abertura do Sínodo Extraordinário, a Relatio Synodi do Sínodo Extraordinário e o seu próprio discurso de encerramento daquele Sínodo. A natureza heterodoxa da Relatio Synodi, que recebeu aprovação pessoal do Santo Padre, foi discutida pelo Voice of the Family na nossa Análise do Relatório Final do Sínodo Extraordinário. O Santo Padre também disse que a questão da recepção da Santa Comunhão por “divorciados e recasados” não era a única que o Sínodo deveria considerar. Isso indica, contudo, que o Papa Francisco considera a questão aberta, apesar de estar claramente resolvida pela Sagrada Escritura, pela Sagrada Tradição e o ensinamento de seus predecessores. O conteúdo da intervenção do Santo Padre foi repetido diversas vezes pelo Padre Lombardi e outros participantes na coletiva de imprensa.
A intervenção do Santo Padre ontem minou a autoridade do relatório do Cardeal Erdö e assinalou aos padres sinodais que o Santo Padre prefere que as discussões do Sínodo se dêem de acordo com as linhas estabelecidas pela heterodoxa Relatio Synodi, ao invés do que o ortodoxo discurso introdutório do Cardeal Erdö. As ações do Santo Padre enfraqueceram gravemente os esforços para reorientar o Sínodo Ordinário em direção a uma afirmação e defesa da doutrina Católica.
Dois Arcebispos minam o relatório do Cardeal Erdö e se recusam a afirmar a fé Católica
Numa coletiva de imprensa dada na Sala de Imprensa da Santa Sé ontem à tarde, o Arcebispo Claudio Maria Celli, presidente do Conselho Pontifício para Comunicação Social, foi indagado em que medida, após o relatório do Cardeal Erdö, a questão da Santa Comunhão para “divorciados e recasados” estava fechada. Ao afirmar que “a questão ainda está aberta”, o Arcebispo Celli não só minou o testemunho do Cardeal Erdö mas, muito mais seriamente, repudiou o ensinamento constante do magistério da Igreja.
Também participou da coletiva de imprensa de ontem o Arcebispo Paul-André Durocher, Arcebispo de Gatineau (Canadá). A Durocher foi perguntado se poderia ser dito, agora, que a questão da recepção da Santa Comunhão por “divorciados e recasados” deve ser considerada matéria de “prática pastoral” ao invés de “doutrina”. O Arcebispo Durocher recusou-se a usar a oportunidade para afirmar o ensinamento da Igreja; ao invés disso, ele simplesmente disse que os padres sinodais têm pontos de vista diferentes sobre esse ponto.
O Padre Rosica e seu sumário da revolução “progressista” contra a doutrina Católica.
Na coletiva de imprensa de ontem, o pe. Thomas Rosica, porta-voz de língua inglesa para a Santa Sé, deu o que descreveu como um sumário das intervenções dos padres sinodais. As intervenções, de acordo com o que resumiu o Pe. Rosica, foram quase uniformemente “progressistas”.
O resumo do pe. Rosica enfatizou a necessidade de “um fim da linguagem exclusionista” e a necessidade de “aceitar a realidade como ela é” e não “ter medo de situações novas e complexas”. Foi relatado que um padre do Sínodo disse que “no cuidado pastoral das pessoas, a linguagem da inclusão deve ser a nossa linguagem, sempre considerando possibilidades e soluções pastorais e canônicas”. Rosica fez referência a intervenções pedindo por uma “nova catequese para o casamento”, uma “nova linguagem para falar às pessoas do nosso tempo”, uma nova abordagem da homossexualidade, que não mais desse a impressão que os católicos sentem “pena” dos homossexuais. Rosica também chamou atenção para um chamado para estender a prática da absolvição geral do Ano da Misericórdia e por um questionamento tal como: “há novos modos de usar o diaconato permanente, e aqueles que são diáconos permanentes, como verdadeiros ministros da misericórdia?” Outra intervenção perguntou “somos nós os mestres da mesa da Eucaristia ou os servos dessa mesa, acolhendo as pessoas a ela?”
Um dos aspectos mais perturbadores do resumo de Rosica foi a sugestão que a questão da Santa Comunhão para “divorciados e recasados” poderia ser resolvida de maneiras diferentes em partes diferentes do mundo. Isso levaria a práticas diferentes e, portanto, a doutrinas diferentes em diferentes partes da Igreja. Tal divisão é, evidentemente, inseparável de um cisma.
Conclusões
O relatório de abertura do Relator Geral, Cardeal Erdö, suscitou esperanças de que seria possível o Sínodo ser reorientado à direção ortodoxa, apesar do heterodoxo Instrumentum Laboris, o qual serve como sua agenda. A corrosão do relatório do Cardeal Erdö pela intervenção do Papa Francisco parece recolocar o Sínodo na direção heterodoxa. Se a Relatio Synodi e o Instrumentum Laboris continuam a ser a base para o trabalho do Sínodo Ordinário, então os responsáveis pelo Sínodo – e aqueles que o seguem – continuarão na trajetória em direção a um repúdio formal da doutrina da Igreja Católica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário