Quando a Maçonaria decide “ajudar o Papa”…
“Francisco está sereno.” Claro, Nuzzi o está ajudando
Por Maurizio Blondet, Chiesa e post concilio – 05 de novembro de 2015 | Tradução: Gercione Lima – FratresInUnum.com: Dando
por descontadas as figuras desprezíveis, os maus costumes e as ações
repugnantes por parte de alguns prelados envolvidos nos últimos
escândalos do Vaticano, tudo nos leva a farejar uma meta bem precisa.
Basta apenas pôr em relevo a cronologia, a sequência de eventos
provocados, e uma vasta e bem coordenada operação reflete uma estratégia
ampla e harmoniosa envolvendo muitas mãos.
Fase 1
– São anunciados não um, mas dois livros sobre os escândalos do
Vaticano, escritos de forma independente por dois autores que dizem não
se conhecer um ao outro, e lançados simultaneamente por duas editoras.
Fase 2 – Em seguida,
são anunciadas as clamorosas prisões feitas pela gendarmeria pontifícia
de dois personagens conhecidos como “os corvos”, os quais teriam vazado
informações “confidenciais” aos dois jornalistas, autores de dois
livros a serem lançados em breve. Vazamento de documentos confidenciais
que é “fruto de uma traição grave à confiança depositada por parte do
Papa”.
O caso, sem precedentes na
modernidade, de dois personagens lançados nas masmorras do Vaticano (a
bonitona Chaouqui e “um prelado do Opus Dei”, arregalam os olhos dos
jornais), e, naturalmente, geram uma grande publicidade para os dois
livros, que ainda não foram lançados [ndt: quando da redação deste
artigo], mas que todos agora aguardam espasmodicamente. No mundo
inteiro, editores já firmaram contratos de publicação e traduções em 15
países.
A Sala de Imprensa bergogliana emite
então um estranhíssimo comunicado, como se já soubesse de antemão o
conteúdo dos livros e o aprovasse, deplorando apenas o “modo” utilizado
para se obter as informações.
“Publicações deste tipo não
contribuem de forma alguma para estabelecer a clareza e a verdade, mas
sim para criar confusão e interpretações parciais e tendenciosas. É
necessário absolutamente evitar o equívoco de pensar que esta é uma
maneira de ajudar a missão do papa”. Por que, talvez, alguém poderia
suspeitar que toda a manobra foi feita para “ajudar” a missão do Papa? E
qual missão?
Fase 3 – Os dois
livros continuam não disponíveis [ndt: como dito, no momento da redação
deste artigo]; ninguém ainda os leu, mas a mídia já recebeu antecipações
suculentas e fazem entrevistas com seus autores. “Riqueza, desperdícios
e jogos de poder – atrizes e viagens de ouro, alfaiates e assinaturas
de canais pornográficos; despesas-fantasmas de milhões que foram
roubados das ofertas das Missas”, são apenas alguns dos títulos.
Fase 4 – O frenesi
da mídia ao explicar com unanimidade: este novo Vatileaks é um outro
complô de “conservadores” que impedem o Papa de “fazer as reformas.” Os
corruptos, ladrões de ofertas das Missas e do hospital do Menino Jesus,
os proprietários de coberturas de 700 metros quadrados, são os mesmos
que “não querem a renovação”, a “limpeza nas finanças do Vaticano”, são
os estelionatários que usam o IOR para lavagem de dinheiro… e assim por
diante. Mas, absolutamente, não é verdade – muitos dos envolvidos foram
nomeados pelo próprio Bergoglio para os cargos dos quais tiraram
proveito, os modernistas, os carreiristas e puxa-sacos. Mas, a mensagem
que deve ser passada é essa: vejam… a Igreja “velha” é corrupta, as
hierarquias “conservadoras” são ricas e escandalosas, os cardeais
são nojentos e imundos. São exatamente aqueles que se opõem ao “novo”…
Apenas o Papa é limpo, honesto e inovador, verdadeiramente santo… E essa
é exatamente a mensagem que Bergoglio e sua junta sul-americana fizeram
de tudo pra passar desde o início.
“A mídia italiana vive em uma
verdadeira bolha de papolatria”, escreve Socci, com razão: “Bergoglio é
visto como o bem absoluto e quem não concorda com ele é retratado como
um conspirador sinistro ou um emissário do mal”.
Fase 5 – O escândalo
não deixa indignado e nem entristece muito Sua Santidade. “Francisco é
calmo e sabe o que fazer… Ele prossegue sem incertezas no caminho da sua
boa administração”.
Fase 6 – Nuzzi, um
dos autores dos dois livros simultâneos, ao falar na conferência de
imprensa de lançamento do seu volume, repete a palavra de ordem
combinada: “Eu acho que este Papa está levando avante as reformas e
encontra uma série de dificuldades” . É a tese que se deve passar. As
“reformas”, as “reformas”: a comunhão para divorciados, o casamento gay,
a Igreja pobre pelos pobres, todo o repertório. Se tivesse sido
Bergoglio a sugerir a estratégia, não poderia fazer melhor a seu favor.
Nuzzi, na conferência de imprensa, também disse outra coisa, do nada:
que ele não teve nenhum contato com o Papa. E por que ele deveria ter
tido algum contato com o Papa? Quem pensaria nisso? E então ele
acrescenta: “Se eu tivesse tido, certamente não iria torná-lo público,
porque se converteria em outra forma de instrumentalização”. E se,
talvez, Nuzzi tenha mesmo se encontrado com o Papa? E se tudo isso
fosse, de fato, um belo complô arquitetado a favor de Francisco? Graças a
estes “escândalos”, (muitos dos quais antigos e já conhecidos, outros
nem tanto, como o dinheiro que corre para as causas de beatificação) o
partido sul-americano poderá proceder com novos expurgos na cúria
romana.
Se isso soa conspiração absurda,
lembre-se que este papado tem a confiança da Maçonaria. Bergoglio foi
eleito em 13 de março de 2013. No mesmo dia, algumas horas mais tarde,
um comunicado oficial do Grande Oriente foi emitido. Nele, o Grão-Mestre
Gustavo Raffi previa com incontida alegria: “Com Papa Francisco, nada
será como antes.”
Pergunta ingênua que não quer calar:
como é que Raffi sabia disso de antemão? Antes de todos? E por que ele
cumprimentou o Papa com uma declaração oficial em papel timbrado do
Grande Oriente, portanto, não uma missiva pessoal, mas da Fraternidade
Universal? Antecipando ainda mais as razões de propaganda e motivos
ideológicos que o argentino iria colocar no centro da sua ação: “o
jesuíta que está muito próximo da história recente tem a grande
oportunidade de mostrar ao mundo o rosto de uma Igreja que precisa
recuperar o “anúncio de um nova humanidade (note a terminologia
construída). Bergoglio conhece a vida real e recordará a lição de um dos
seus teólogos de referência, Romano Guardini, para o qual não se pode
separar a verdade do amor”.
“A cruz simples que ele usa sobre as
vestes brancas – disse o grão-mestre do Palazzo Giustiniani – nos dá a
esperança que uma Igreja do povo reencontre a capacidade de dialogar com
todas as pessoas de boa vontade e com a Maçonaria, que, como ensina a
experiência da América Latina, trabalha para o bem e o progresso da
humanidade, tendo como referências Bolivar, Allende e José Martí, para
citar alguns”.
Alguns dos personagens secularíssimos
que arquitetaram o novo escândalo do Vaticano têm ares e palavras de
maçons. Quando a Maçonaria decide que é hora de “ajudar o Papa”, pode
muito bem organizar o concerto papolátrico tão evidente na mídia.
Depois, se esse tambor semear desgosto, náuseas e consternação entre os
fiéis, melhor ainda.
Maurizio Blondet, 05 de novembro de 2015
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