Do Fratres In Unum:
27 agosto, 2015
44 x 4 – Venceu a verdade.
Fratres in Unum entrevista Andreia
Medrado, pró-vida engajada, que nos fala sobre a Ideologia de Gênero e a
atuação da militância católica paulista que culminou, no último dia 25,
com a eliminação dessa nefasta tese do Plano Municipal de Educação.
Primeiramente, obrigado por nos
atender, professora Andreia. Poderia se apresentar brevemente a nossos
leitores, falando também de sua trajetória no movimento pro-vida?
Sou católica e professora. Tenho estado
mais ativamente ligada ao movimento pró-vida desde 2013, quando o PLC
03/2013 estava em tramitação. O Projeto, na prática, legalizaria o
aborto até o nono mês. A partir de então fui apresentada aos estudos
sobre o tema e pude ver que todas as ações relacionadas ao aborto,
eutanásia, ideologia de gênero eram um pacote de estratégias para a
completa instauração da cultura da morte no mundo.
Em que consiste a ideologia de gênero e como ela vem buscando se impor mundo afora, em particular no Brasil?
A ideologia de gênero consiste em uma
quebra da realidade, por assim dizer. Tal ideologia promove um desprezo
pela biologia do ser humano alegando que não se nasce homem ou mulher,
mas que isso é construído social e culturalmente. Seu maior intento, no
entanto, é a destruição total e sistemática da família. Uma vez que se
extermina a identidade do ser humano e o papel do homem e da mulher,
extingue-se, consequentemente, o conceito de família. Em outras
palavras, a identidade de gênero é uma construção ideológica de que não
há homem ou mulher mas que se é algo. É a “coisificação” do ser humano.
É uma ideologia que nasce apoiada na
filosofia marxista de lutas de classes, onde a primeira opressão de uma
classe por outra surge com a do sexofeminino pelo masculino. A partir
dos anos 70, as feministas adotam esse discurso e passam a querer a
extinção das barreiras sexuais (homens/mulheres – adultos/crianças). Só
nos anos 90 que a ideóloga Judith Butler introduz o tema no âmbito
político-filosófico. Ajudou a aparelhar a Organização das Nações Unidas
com ongs feministas.
Quem são os grandes interessados
na implantação dessa ideologia e por que tamanho empenho que, aliás, é
pouquíssimo compartilhado pela sociedade civil?
Os grandes interessados na implantação
dessa ideologia são as grandes fundações internacionais, especialmente a
Fundação Ford, que foi a responsável principal pelo aparelhamento da
ONU, durante as conferências internacionais de 94 e 95 (Cairo e Pequim).
Numa estratégia de controle comportamental e governo hegemônico
mundial, essas fundações gastam rios de dinheiro com reengenharia
social. É uma tentativa de dominaras leis, o consenso e destruir o
direito natural.
Não conformados com a eliminação
da questão de gênero no Plano Nacional de Educação, seus promotores
manobraram para ressuscitar essa ideologia nos planos estaduais e
municipais. Como o Poder Legislativo de estados e municípios tem se
posicionado?
O que temos percebido durante as visitas
aos parlamentares é que muitos deles não sabiam sequer definir “gênero”,
e julgavam como mais uma palavra que significasse alguma medida contra a
discriminação ou mesmo um sinônimo para “sexo”. Quando explicamos,
pautados em argumentos e principalmente nos próprios ideólogos de
gênero, percebemos que, automaticamente, eles entendem e se posicionam
contrários a tal ideologia.
Aqui em São Paulo, os vereadores
entenderam bem o conceito de gênero, perceberam seu perigo e o quão
nefasto e monstruoso ele é. E o resultado das votações em todo o Brasil
confirma que isso não se deu só aqui; uma rápida busca nos municípios
que já votaram seus Planos Municipais de Educação mostra que 98% deles
rejeitaram a ideologia de gênero. Isto nos diz muito a respeito da
postura de nossos parlamentares e nos diz, mais ainda, de que a Verdade
é, de fato, a força que move o mundo. Bastou dizer a verdadeira intenção
dessa macabra ideologia e os olhos se abriram.
Claro que tivemos alguns discordantes,
mas vê-se bem a militância na causa. Três casos em específico nos
chamaram à atenção: o vereador Toninho Vespoli (Psol), a vereadora
Juliana Cardoso (PT) e o vereador Netinho de Paula (PCdoB). O vereador
Netinho de Paula, que se diz um defensor e grande representante da
periferia paulista, ignorou a voz dos diversos moradores da Zona Sul que
se pronunciaram contra o gênero (moradores, inclusive, que o ajudaram a
se eleger). A vereadora Juliana Cardoso e o vereador Toninho Vespoli
passaram as duas votações alegando que eram católicos e católicos de uma
“igreja inclusiva”, como a que é “promovida pelo Papa Francisco”. A
vereadora chegou a mostrar um slide no qual o Sumo Pontífice aparecia
segurando uma bandeira do orgulho lgbt (o que todos sabemos ser uma
montagem). Juliana terminou seu discurso citando Zé Vicente, famoso
compositor da teologia da libertação, deixando claro, portanto, a quem
serve e de onde ela veio. No que depender dos católicos de verdade,
esses vereadores jamais serão reeleitos.
Ontem, então, ocorreu a votação
do Plano Municipal de Educação da cidade de São Paulo. Como transcorreu a
votação e o embate entre os defensores da cultura da vida e os da
cultura da morte?
Por questões regimentais, alguns PLs
(Projeto de Lei) requerem mais de uma votação para que haja o que eles
chamam de tempo necessário para a discussão, o debate do tema. Foi o
caso do PL 415/2015, o PME – Plano Municipal de Educação. Então, tivemos
ontem a segunda e definitiva votação do Plano.
Pouco antes das 9h já chegavam famílias
de toda a cidade. Vinham com camisetas brancas e bandeiras em favor da
vida e da família. Logo chegaram também os militantes lgbt.
Até o momento da votação, as pessoas
permaneceram diante do trio elétrico, enquanto se apresentavam bandas
católicas, Padres, Vereadores e Deputados federais alertando o povo
contra o perigo da ideologia de gênero e pela necessidade de combate à
cultura da morte.
Às 15h, o presidente da Câmara Antônio
Donato deu início à votação. O vereador Eliseu Gabriel havia proposto um
substitutivo. Contudo, o executivo enviou seu próprio substitutivo que
foi votado pelos vereadores. Alguns vereadores propuseram emendas, mas
estas foram derrubadas em bloco e por 44 votos a 4, a família paulistana
ficou livre da ideologia de gênero no Plano Municipal de Educação.
No fim, venceu a verdade.
Como você avalia a atuação dos membros da Igreja nessa batalha? Quem estava presente e quem deveria estar, mas se omitiu?
A Igreja volta a debelar o erro! É
incrível como o clero se posicionou diante dessa ideologia alertando os
fiéis, falando sobre o tema! Mais de dez bispos no Brasil inteiro se
manifestaram contra a ideologia de gênero, e a partir daí, o trabalho
foi o de formar as pessoas.
Tanto a Arquidiocese de São Paulo quanto a
do Rio de Janeiro (entre algumas outras dioceses) têm-se mobilizado
para a promoção de seminários sobre a ideologia de gênero. Esses
seminários têm o propósito de formar pais, professores e catequistas
sobre o tema que ainda parece um pouco confuso para algumas pessoas. E
graças às dioceses e aos bispos que tão bem entenderam o perigo que
correm nossas famílias, as pessoas têm buscado aprender sobre o assunto.
Sem o apoio de nossos bispos, não teríamos conseguido nada disso.
Em cada votação que olharmos, veremos a
presença da Igreja. Acredito que Cuiabá, Brasília e São Paulo são as que
mais podemos notar isso, entretanto, basta ver o quanto os católicos
principalmente têm falado sobre o assunto. Os Bispos e os Padres me
lembraram Padre Antônio Vieira, nesses últimos meses: pregando a verdade
e denunciando o erro! É revigorante ver isso, de novo! Relembro aqui o
discurso de Dom José González Alonso, bispo diocesano de Cajazeiras, PB,
que de maneira firme, denunciou a ideologia na Câmara dos vereadores em
Cajazeiras.
Não me lembro já ter visto tantos
movimentos da Igreja juntos como nessas votações: IPCO, Novas
Comunidades, RCC, Carmelitas, Legionários, Verbo Encarnado, Aliança de
Misericórdia, Opus Dei, Administração Apostólica, Padres Diocesanos,
Apostolado da Oração. Foi, de fato, um novo sopro sobre a Igreja e as
pessoas puderam perceber que há uma luta gigantesca a ser lutada, e só
poderemos vencê-la se estivermos juntos!
Mas há algo que quero ressaltar: é
importante que saibamos que os vereadores e deputados muitas vezes não
saibam realmente do que se trata ou quais os perigos essas políticas
ideológicas trazem. Eles só poderão nos ajudar se formos até eles.
Muitas vezes, esses parlamentares só terão acesso à verdade através de
nós. E para isso é preciso que estudemos, que busquemos a verdade acima
de tudo. Que não tenhamos medo de perder o que temos em troca da
verdade! A verdade, meus irmãos, é a força que move o mundo! Que isso
não nos engrandeça, de modo algum, mas que aumente em nós a consciência
de nossa responsabilidade em propagar uma cultura da vida. E só se
instaura uma cultura da vida se exterminarmos, definitivamente, a
cultura da morte vigente.
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