| 12 Outubro 2016 - Mídia Sem Máscara
Artigos - Globalismo
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A Rússia vem desenvolvendo uma arma ultra-sofisticada que pode destruir a rede elétrica dos Estados Unidos e condenar à morte milhões de pessoas.
E pior: aliados de Vladimir Putin também já possuem ou estão em vias de obter tal arma, o que pode mudar o equilíbrio de forças a favor de nações inimigas da democracia.
Imagine
uma arma secreta que emitisse raios gama capazes de danificar a rede
elétrica de um país inteiro, inutilizar aviões, armas, bombas atômicas e
submarinos; e destruir satélites, componentes eletrônicos e
computadores, interrompendo todo o sistema de comunicações. Imagine
ainda que essa arma, ao ser detonada, fizesse parar de funcionar
aeronaves e mísseis em pleno voo, ou mesmo destruir todo o arsenal
nuclear inimigo. Pode parecer coisa de vilão de história em quadrinhos
ou de filmes de 007, mas não é. É algo muito próximo de se tornar
realidade e que vem sendo desenvolvido pela Rússia há mais de 50 anos.
Há suspeitas de que a China e a Coréia do Norte também já possuam
tecnologia para construir essa superarma. Ela se chama EMP:
Electromagnetic Pulse (Pulso Eletromagnético).
Mas em que consiste exatamente o EMP? Conforme explica o analista militar e escritor Jeffrey Nyquist,
é uma ogiva nuclear detonada em elevada altitude - entre 30 e 200
quilômetros de altura -, onde o campo magnético da Terra é mais forte. O
impacto da explosão não atingiria a superfície do planeta, mas geraria
um pulso eletromagnético com um raio de milhares de quilômetros, e capaz
de penetrar em equipamentos eletrônicos e na rede elétrica, causando um
pico de energia gigantesco que literalmente “fritaria” os circuitos.
Quanto maior a altitude da explosão, maior o raio de ação. Dessa forma, o
país atingido deixaria de funcionar, ao ter a sua rede de energia
seriamente afetada, e voltaria ao século XIX, com consequências
catastróficas. Segundo Nyquist, os Estados Unidos deixaram de
desenvolver sua própria versão da bomba de pulso eletromagnético, e
estão vulneráveis a um possível ataque conduzido por seus inimigos. Hoje
em dia, já se sabe que a Rússia mantém o mais avançado arsenal nuclear
do mundo, e que também possui superioridade nuclear no campo de batalha
europeu, segundo relatou Nyquist em artigo traduzido para o Mídia Sem Máscara, em março de 2015. E não somente a Rússia, mas a China também está em vias de superar tecnologicamente os EUA no arsenal nuclear.
Após
o teste nuclear conduzido pela Coréia do Norte no começo de setembro – o
segundo realizado em 2016 e o mais poderoso até agora, com potência de
10 quilotons (http://edition.cnn.com/ 2016/09/11/asia/south-korea- north-korea/)
as autoridades da Coréia do Sul já se preparam para um eventual
conflito militar envolvendo armas atômicas contra seu vizinho. Desde
2009, o exército norte-coreano já realizou cinco testes nucleares, e
analistas internacionais temem que, em breve, o país seja capaz de
implantar ogivas nucleares em seus mísseis de longo alcance. Segundo o
analista de segurança nacional americano Peter Vincent Pry, é possível
que a Coréia do Norte já tenha feito testes nucleares envolvendo o EMP.
Em um deles, realizado em maio de 2009, a emissão em altos níveis de
raio gama, combinada com uma explosão relativamente pequena de 3
quilotons (http://www. financialsense.com/ contributors/jr-nyquist/emp- and-the-shield-act)
podem ser uma indicação de que o regime ditatorial de Pyongyang
estivesse fazendo experimentos com o pulso eletromagnético, utilizando
tecnologia recebida da Rússia.
Peter
Vincent Pry também é diretor da EMP Task Force, comissão que atua no
congresso americano, e afirma que um ataque de pulso eletromagnético (http://www.vice.com/ read/we-asked-a-military- expert-how-scared-the-us- should-be-of-an-emp-attack-508 )
reduziria drasticamente o acesso da população dos EUA a alimentos, uma
vez que um corte no fornecimento de energia prejudicaria toda a
infra-estrutura de fornecimento, deixando a populança sem comida. “Nove
entre cada dez norte-americanos morreriam de fome”, afirma. Por sua vez,
o site Secrets of Survival
enumera uma curiosa lista de lugares a serem evitados no caso de um
ataque de EMP e dá dicas de sobrevivência. Apesar dos alertas parecerem
exagerados à primeira vista (desde elevadores até hospitais devem ser
evitados, e as pessoas devem recorrer a bicicletas para meio de
transporte), o site apresenta argumentos bastante convincentes e dá uma
boa idéia do caos que reinaria em tal situação.
Em
abril do ano passado, o exército dos EUA começou a armazenar
equipamentos em bunkers para protegê-los de um possível ataque. Um
desses abrigos, localizado sob a montanha Cheyenne, no Colorado, e que
data dos tempos da Guerra Fria, estava desativado até recentemente, mas
voltou a operar, ao receber aparelhos de comunicação do Comando do
Espaço Aéreo Norte-Americano (NORAD). Nos últimos anos, dois projetos de
lei regulamentando a criação de um sistema de proteção da
infra-estrutura da rede elétrica norte-americana contra danos letais
chegaram a tramitar no congresso daquele país, mas não obtiveram
aprovação. O mais recente deles, conhecido como Shield Act, conseguiu
passar na Câmara dos Deputados, mas acabou barrado no Senado. Pelo menos
nisso o governo de Barack Obama resolveu agir e está investindo 1
bilhão de dólares para tornar o NORAD mais resistente a um ataque
nuclear envolvendo o pulso eletromagnético. Mas será que essas medidas
são suficientes? O quão protegida estaria a população dos EUA - e a dos
demais países do Ocidente -, na eventualidade de um ataque de EMP?
Além
da Rússia, da China e da Coréia do Norte, o Irã pode estar próximo de
fabricar sua primeira bomba atômica. Mesmo assim há, entre os conselheiros de Obama, quem demonstre total ignorância do problema,
como é o caso de Peter W. Singer, consultor de Estado-Maior do
presidente norte-americano. Em uma entrevista, em abril de 2016, Singer classificou como "piada” a hipótese de um ataque de EMP.
Enquanto muitos dentro do Congresso americano e da administração Obama
consideram fantasiosa e exagerada essa ameaça, as nações inimigas da
democracia vem desenvolvendo armas cada vez mais sofisticadas e letais, o
que poderá em breve causar um desequilíbrio de forças que pode ser
decisivo para o Ocidente.
Alexandre Cegalla é jornalista.
Alexandre Cegalla é jornalista.
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